sexta-feira, 18 de julho de 2008

A felicidade
Por João Paulo Cuenca
Felicidade é quando nossos pés descalços afundam na areia, e nos beijamos nos lábios, e afundamos nossos corpos um contra o outro num abraço incondicional, e chove forte sobre as nossas cabeças e as gotas são esferas de vidro com recordações do que ainda não vivemos, e as gotas se transformam em asas de gaivotas que rasgam o horizonte, e não há culpa sobre os nossos ombros quando eu olho para você e enxergo outras, quando você me vê e eu sou vários, e a combinação infinita entre esses milhões de casais que moram dentro dos nossos olhos caminha até o mar quente que nos envolve em ondas, e nos molha a todos, os vários de nós dois entrelaçados em combinações improváveis, até que a palavra “outro” perca totalmente o sentido, até que nos encontremos no ponto onde seremos juntos algo que não sou eu e que tampouco é você.
E então, sob a luz de um amanhecer cor de sangue, atravessaremos o oceano em queda livre, e após retorcer o eixo do mundo com as pontas dos dedos, teremos o céu sob os pés descalços, e as cidades do Planeta Terra serão pequenos pontos de luz abaixo do nosso vôo, nossos sorrisos iluminados como que por fogos de artifício à medida que nos encaramos sem volta, confortáveis em haver pedido o caminho de casa, quando passado e futuro serão termos sem significado, porque só haverá (há) o presente, o instante agudo onde as órbitas dos seus olhos se refletem nas minhas, e vice-versa, como uma multidão de espelhinhos, até que esses planetas livremente se alinhem como reflexos em oposição numa reta perfeita – e nenhum de nós, nunca mais, precise mentir para o outro.

Simplesmente PERFEITO!

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Ah... Mas eu escrevi aqui que não iam ser mais desabafos e desesperos.
Pois é. Mas aí vem o desânimo e detona todo otimismo rapidamente. Rapidamente...
Por que nunca é rápido demais levantar-se? Fazer coisas boas? Como comer chocolate e sorrir estantaneamente?
Poderia ser assim: Uma barra de chocolate branco e outra de chocolate preto e o seu humor, sorriso, otimismo, auto-estima de volta.
Não é nada assim, absolutamente nada.
Ou você fecha os olhos e canta "Tô nem aí" ou você entra na onda, como uma maria-vai-com-as-outras.
Está tudo fácil? Eu não estou.
Estão banalizando sentimentos? Eu não estou...
Estão subornando por aí? Eu não.
Estão distribuindo corações? Eu não estou leiloando o meu, caramba!
Os meus sentimentos não estão aqui para serem expostos como produtos em uma vitrine. Não estão soltos, perdidos para serem motivos de chacota.
Querem rir? Se divertir? Que seja às custas dos que permitem.
Eu não permito que brinquem com o que me é valioso.
Não dei minha cara à tapa. Não estou pagando pra ver nada. Não estou entregando meu corpo, meus pensamentos, meus valores e meu juízo.
EU NÃO SOU UMA QUALQUER NO MUNDO.